NOSSA GENTE: A PROFESSORA E PSICOTERAPEUTA HOLÍSTICA GENOEFA MÔNICO COMÉRIO

NOSSA GENTE: A PROFESSORA E PSICOTERAPEUTA HOLÍSTICA GENOEFA MÔNICO COMÉRIO

“Nasci em Santa Teresa, mas amo Colatina. Amo esta terra. É o meu lugar. Vim pré-adolescente para cá. É quente? É! Tem morro? Tem! Não tem problema, eu gosto daqui assim mesmo! Vim para cá estudar e acabei casando, tendo filhos e aqui estou até hoje. Eu gosto daqui, porque é uma cidade acolhedora, familiar, todo mundo me conhece, eu não preciso de dinheiro, de documento, não preciso de nada disso. É uma família. Isso é uma coisa encantadora, não tem preço, só existe aqui e é maravilhoso!

Eu sou da roça, porque Colatina é uma cidade do interior, suburbana, e eu gosto muito disso. Sou colatinense de coração, sou apaixonada, gosto de como Colatina é, a intimidade não muda. Morre uma pessoa e passa o carro avisando; isso é coisa de família, é familiar, uma intimidade linda. É muito especial.

Colatina é um sonho, uma cidade maravilhosa, do nosso Vaporzinho Juparanã, que, infelizmente, por uma falha nossa não foi preservado. Gosto do clima, dessa topografia irregular. É uma cidade bem feminina, bem amorosa, acolhedora. O Hino de Colatina é lindo, um poema. Tem a quentura da família, a quentura da intimidade. A minha família está aqui, esta é a minha cidade. Essa princesa, essa maravilha, essa beleza!

Aqui eu criei meus filhos, quatro filhos. Casei, tive quatro filhos, meus netos estão indo longe e eu estou aqui onde gosto. Meus netos continuam por aí, desbravando o mundo, e eu continuo aqui. Quero dar minha colaboração para Colatina como sempre fiz. Quando me perguntam se vou me mudar daqui, eu digo que nunca vou mudar, pois meu lugar é aqui.

É um grande polo de investimento nas áreas de educação, saúde e comércio. O comércio é maravilhoso, as lojas de diferentes produtos são próximas umas das outras, tudo pertinho, bom demais. É uma cidade convergente, num local estratégico para os municípios do entorno virem para cá. Nos anos 90, eu participei de um grupo que pensava na Colatina do futuro, de um projeto de desenvolvimento para o município para as décadas seguintes, com amigos como o atual prefeito Guerino Balestrassi, os empresários Marcos Guerra e Geraldo Magela, entre outros”.

Professora

Foi estudando na Escola Singular Alto Tancredo, em Santa Teresa (ES), que ela começou seu caminho, tendo como exemplo os pais agricultores, Ediméia e Luís, que, determinados a não deixarem os 13 filhos e sua comunidade sem estudar, fizeram um abaixo-assinado para conseguirem a construção de uma escola mais próxima.

Na década de 50, saiu da roça e foi para a cidade de Santa Teresa fazer o curso de admissão para vir para Colatina estudar o ginásio no então Colégio Divino Rei, da Congregação das Freiras do Menino Jesus (onde é hoje o Hospital São José). No curso Normal (Magistério), para a formação de professoras, Genoefa optou em estudar na Escola Conde Linhares.

Foi estudar Pedagogia na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Colatina (Fafic) e se especializou em Supervisão, Inspeção e Administração. Começou a dar aula no Conde enquanto fazia faculdade e, depois de formada, começou a lecionar também para os universitários. Kleber Bussinger, Arlete Bussinger, Regina Aurich, Olney Braga, os irmãos Ana Maria e Fausto Mascarello, Arly Dallapícula, entre outros, foram seus colegas de trabalho no Magistério.

“O Conde foi o meu primeiro trabalho, e tenho saudades de lá. É uma escola de uma imensa importância para Colatina, que formou dezenas de profissionais que estudaram o primário na Escola Aristides Freire, contribuindo para o desenvolvimento deste lugar”. Ainda dando aula na Fafic, fez pós-graduação em “Metodologia do Ensino Superior” na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais. Nesse meio tempo aconteceu seu casamento com o comerciante Luís Comério, com quem teve os quatro filhos: Mércia, Nemerson, Luís e Carina, e os seis netos.

Foi uma das fundadoras da Apae de Colatina no final da década de 1970, com os amigos Leda e Hercílio Coutinho, e também da Apae de Governador Lindenberg e Águia Branca. Nos anos 80, foi superintendente do Núcleo Regional de Educação da Região Noroeste. No final da década de 1980, foi estudar Direito para estimular um filho a estudar também. Terminou o curso em 1991, adorou, achou maravilhoso, mas não quis exercer a profissão.

Psicoterapeuta Holística

Quase aposentando da sala de aula como professora, Genoefa decidiu estender a sua visão do mundo e buscar a compreensão do ser humano, optando continuar a cuidar do outro, auxiliar nas dificuldades, incentivar na busca do sonho, no ponto onde ele quer chegar, mas sem parada definitiva, aprendendo e se fortalecendo com novas partidas, evoluindo em cada experiência. Aprendendo que a beleza da vida está na enriquecedora síntese das diferenças.

E assim ela decidiu que queria continuar trabalhando, mas não como professora. Foi quando ingressou na Universidade Internacional Holística, no Rio de Janeiro, para estudar Psicoterapia Holística, que geralmente atua agregando técnicas das terapias holísticas e naturais, técnicas terapêuticas que têm ganhado cada vez mais espaço ao redor do mundo com as pessoas buscando formas naturais de cuidar da saúde física, mental e emocional.

Ela conta que descobriu a existência da Universidade de um modo inusitado, ainda quando era supervisora do Conde e tinha a sua escola de inglês Number One. Foi por meio de cursos que fazia na época, que teve informações sobre ela. Depois de contatos “por curiosidade”, segundo ela, com a sede em Brasília, e de alguns procedimentos necessários, foi aprovada. Genoefa não sabia nada da área e foi com a cara e a coragem.

“Eu estava indo de peito aberto. Sou cosmopolita, gosto de coisas diferentes, de desafios. A vida é feita de escolhas e eu fui. De 1994 a 2002, fiquei entre Colatina e o Rio, e nunca me arrependi. Assim como amei ser professora, sou encantada pela minha profissão de hoje. Tenho orgulho. Era cansativo, caro e poucos conheciam na época, mas quando eu viajava do Rio de volta para cá, eu agradecia a Deus pela minha coragem. Minha palavra era de gratidão a Deus, e dizia para ele que eu era a pessoa mais privilegiada do planeta”.

Considerando que foi a experiência mais maravilhosa de sua vida, que abriu sua mente de forma extraordinária e mudou totalmente a sua visão do mundo, ela conta que é o lugar mais lindo que já viu, que teve os melhores professores do mundo e aprendeu sobre todas as religiões, com rabinos, padres e sacerdotes de diversos países, como China, Índia, Japão, Alemanha, França, entre outros. “É um lugar encantado. O que aprendi ninguém imagina. Todos diziam que eu era maluca. Depois de tudo, não dava mais para dar aula, porque eu estava encantada, apaixonada. Ainda vou lá para seminários, me renovar, porque não dá para ficar afastada”.

Em 2002, ela abriu um espaço para trabalhar. Sua primeira experiência foi com crianças com hiperatividade nas escolas, numa época em que o assunto era novidade e existia muito preconceito. Ela lembra que descobriu no Rio o único livro que existia no Brasil sobre ele, que hoje é conhecido como o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade). E depois, comprou também o livro “Descobrindo Crianças”, da terapeuta americana, Violet Oaklander.

“Eu comecei a orientar as famílias que tinham crianças com essas características. Foi no primeiro mandato do Guerino, que nós trabalhamos com todos os pais, todos, e todos os adolescentes, mas principalmente todas as famílias. E foi assim, um trabalho maravilhoso. Com reencontro com os pais e reencontro com os adolescentes também. E eles me dizem até hoje que não esquecem das coisas que eu falei para eles. Eu tenho menino por esse mundo afora de Deus que vocês nem imaginam. Estados Unidos, Europa, tudo. E eles vêm me visitar. Eu tenho muita felicidade com isso, sabe?”, explica.

A psicoterapeuta se recorda que foi chamada de doida por um médico de um menino que ela atendia. “Quando eu disse para a mãe que ele era hiperativo, ela ficou confusa e eu então pedi que ela lesse um capítulo do livro da Violet. Ela então leu, chorou muito e contou que até em igrejas ela tinha o levado por achar que ele tinha algo diabólico. Voltou ao médico, disse que eu não era doida, e continuou o tratamento comigo”.

Depois tudo foi mudando. Até antes da pandemia ela trabalhava com alunos e professores de Colatina e de Marilândia, além da Pastoral da Saúde de Marilândia. Por oito anos atuou no Conselho Tutelar de Colatina. É colaboradora dos asilos da cidade e de um grupo de Economia Solidária. Trabalhou com igrejas de várias denominações. É filiada à Fundação da Organização Brasileira de Hiperatividade; faz orientação vocacional e já trabalhou para empresas com motivação dos funcionários sobre a arte da convivência.

E foi assim que ela construiu sua estrada e mostrou que é uma mulher além do seu tempo. E já se vão quase seis décadas entre ser professora e psicoterapeuta holística. Genoefa diz que ainda quer aprender mais. “Só deixamos de aprender quando morremos. Sei que como ser humano posso fazer ainda melhor. Hoje tudo é diferente, tem que ter coragem para ir e saber que na vida a gente não tem lugar de chegar, que não pode ter lugar de parar, e sempre estar pronto para novas partidas. Buscar novas experiências e aprender, evoluir com cada experiência que viver e se fortalecer”.

Pandemia

Eis que a pandemia chegou e mexeu com a vida de todo mundo. De acordo com Genoefa, “mais do que nunca a psicoterapia holística tornou-se importante agora, porque mais do que nunca precisamos uns dos outros, entender o sofrimento das pessoas. São necessárias políticas públicas para as sequelas na saúde mental da população, reflexos que a gente não sabe. Vamos fazer a nossa parte como puder para viver, pois não sabemos tudo, e nunca precisamos saber tudo. Temos que ficar tranquilos, somos eternos aprendizes e pronto”.

Ela destaca que diante da atual realidade, “é preciso entender que a vida é um segredo, um mistério lindo, de grandes desafios e possíveis de serem resolvidos. Somos feitos da poeira das estrelas, e elas somos nós também. A gente é essa luz, essa força e devemos acreditar nisso. O dia a dia nos deixa cegos, presos ao sistema. Nos importar com o aqui e o agora, o presente, o único que temos de verdade. E se não tem nada no presente, o futuro está vazio. O passado a gente visita e aprende com ele, mas não podemos viver só nele. Nem futuro, nem passado, para não se desarmonizar, se desequilibrar. Melhor buscar o Estado Numinoso, de contemplação, de meditação. Podemos meditar dançando, comendo, fazendo o que quiser, mas temos que estar totalmente presentes, inteiros”.

O centro de tudo é o que levamos para a vida, os verdadeiros sentidos de “Cuidado e Solidariedade”, segundo Genoefa. “A principal característica do ser humano é o cuidar, dos pobres, dos famintos, dos doentes, da vida, do SUS, do meio ambiente, de tudo. No sistema que vivemos hoje, com um consumismo desenfreado e um egoísmo sem fim, fazer diferente é difícil. Tem que querer cuidar, da gente, dos próximos de nós, dos nossos sentimentos, nossas ações, do outro. De você, porque você só sabe quem você é quando você lida com o outro, é um ser que faz parte, compartilha, está com alguém. Cuidar da nossa casa, mas da nossa comunidade, dos vizinhos. É a inteligência amorosa, que não nasce do dinheiro que você tem e sim do cuidado. Querer é importante. Há coisas que estão à flor da pele, e basta querer porque estão no coração”.

Na modernidade de hoje, ela afirma que “os relacionamentos das pessoas e os conteúdos estão sem raízes, e profissionais, pais e professores têm que estar conscientes da necessidade das crianças e dos jovens criarem raízes, terem aterramento. A vida está volátil e isso não é bom. Podemos olhar para as estrelas, mas com os pés no chão. É preciso orientação para a família e para a escola sobre esses sentidos, porque elas não ensinam porque não sabem. Os pais hoje estão precisando muito mais ainda de ajuda, e nós temos que cuidar primeiro deles e depois das crianças e dos adolescentes”.

Ela destaca que o vínculo entre pais e filhos é eterno e não pode acabar, porque os pais são a fonte, a raiz. “Se você é o rio e se desliga da nascente, você vai morrer se não receber a nutrição que vem da fonte. Se você pertence a uma árvore, e se os galhos se desconectarem dela, que manda a nutrição para eles por suas raízes, eles não vão viver. Esse vínculo pode não ser bom, mas temos que agradecer a Deus esta ancestralidade, que é um presente de Deus para a vida, para o mundo. E o filho tem que ser feliz e desabrochar, apesar de tudo. Ninguém nasce solto. Os filhos não precisam repetir as palavras e nem a profissão dos pais, mas eles podem orientar”, disse.

A psicologia de mais de 20 anos atrás não é a mesma de hoje, pois tudo mudou, segundo ela, principalmente após a pandemia. “As pessoas, as doenças e os sintomas mudaram. Nem eu sou a mesma psicóloga de 20 anos atrás. Mais do que nunca temos que estar abertos para a vida, querer com o coração e sem preconceito. Somos diferentes. É tudo junto e misturado, uma riqueza. Um pensa assim, outro assado, e juntos geram uma grande ideia. Deus não quer saber de preconceito, ele só quer saber se você é bom. A beleza da vida está nas diferenças, que são enriquecedoras. Eu mesma sou resultado delas, pois minha mãe é de origens indígena, portuguesa e africana, e meu pai italiana. São culturas diferentes. O Brasil é maravilhoso, uma mistura de raças, de culturas que precisam se harmonizar”, explica.

Seu objetivo agora é voltar a trabalhar neste período pós-pandemia, enfrentar os desafios que estão aí. “A idade não importa. Eu nasci no dia 6 de dezembro. O tempo é agora, o meu tempo, o nosso tempo, é agora, é sempre agora, de mudar, de começar. Há momentos que a gente quer grudar em alguma coisa, mas é natural, pois a gente é humano, precisa trabalhar sempre isso, estar se renovando a cada momento. Pensar sempre que é possível, que a vida é uma benção, que nada é um presente, que nada é fácil, mas tudo é possível. Nada é pesado, nem dá trabalho e é lazer, quando você faz com amor e é presente. Tudo que eu faço eu gosto, então não é cansaço”.

Para ela, a vida tem que ser encarada com coragem e determinação, não importando a idade que a pessoa tenha. “Na Bíblia, Jesus diz para você levantar e andar. Cora Coralina aprendeu datilografia com 70 anos e, aos 76, escreveu seu primeiro livro. O importante na vida é decidir e ir, pois tudo passa rápido demais e você joga fora. Aprendemos todos os dias, somos outras pessoas a cada minuto. Nossa essência é a mesma, mas nós mudamos o tempo todo e é assim. E dizer que eu tenho idade, não, eu tenho vida, vida em movimento, que aprende, constrói, sonha, chora, sorri, que ajuda, que é solidária, que renova. A gente é isso. Bola sempre para a frente”.

Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação – PMC
Eduardo Candeias / Katler Dettmann / Maria Tereza Paulino
(27) 3177-7045
imprensa@colatina.es.gov.br
Texto: Maria Tereza Paulino
Foto: Juliana Fiorot

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